quinta-feira, 10 de maio de 2012

E é uma dor maior porque o mundo não conspira comigo.

E é uma dor maior porque o mundo não conspira comigo.



O Inverno, ainda que acordado, boceja mais que sente, não quer ainda hibernar mas os seus aliados parecem cair prostrados aos pés do tempo. Abril foi o psicólogo que o libertou, as lágrimas caíram e a resignação já se faz sentir.
 A Primavera demorou-se em alguma conversa de café com Março, mas as árvores revoltosas, já verdes e inquietas reivindicam para si a atenção calorosa de um compromisso; e ela despede-se à pressa, um "até à vista"e vem chegando, envergonhada. Mas a Primavera é uma Lolita mimosa, inocente mas caprichosa. Exala beleza, sabe-o e aprecia-o. E por isso as árvores se rejuvenescem, enfeitam-se de folhas frescas que teceram no frio do inverno à lareira, bebendo chá quente e fumando os enchidos; as flores maquilham-se das cores mais belas, esgotam o tecido mais fino da retrosaria da baixa e encomendam perfumes exclusivos e secretos. O sol, que é bem velho, envergonha-se do seu amor escondido. Faz limpeza de pele, põe pó iluminador e varre as nuvens para o hemisfério sul. É daqueles amores puros que só pedem em troca um sorriso. A  Primavera é uma criança que não entende nada do Mundo, ninguém lhe diz que não, ninguém lhe faz cara feia e por isso ela pensa que o amor é uma coisa de todos para todos e não entende porque gosta de passear no parque com Maio, porque é que o seu sorriso é maior quando ele lhe apresenta as suas mais belas flores, porque é que as histórias que lhe ouve vagueiam na sua cabeça repetidamente. Quando Maio parte, a Primavera perde-se na sua memória, já não sorri tanto e o Sol, pressentindo-lhe ponta de angústia, puxa lustro aos seus cabelos dourados só para que o seu próprio brilho façam brilhar os seus olhos. Mas o seu amor é demasiado grande e a Primavera aprecia a liberdade que voa nas asas das andorinhas. E por isso a Primavera parte, deixa o jardim ao cuidado da vizinha e parte, não com lágrimas mas com um sorriso. Criança tola e esperançosa esta Primavera.

E eu não conto o tempo... dias, meses,anos! Deixo-me levar ao sabor das estações,  navego entre meses e já perdi em quanta foz já passei e tudo volta e se envolta como o ciclo da água... Mas faz hoje quatro meses que partiste e este é o mês em que a Primavera se apaixona sem saber e o meu coração ainda bate baixinho, ainda não palpita, é o mês no qual os dias dos meses dos meus anos iniciam um novo ciclo ... E não está a ser fácil!

1 comentário:

Diny disse...

Na saudade, por vezes, encontramos a força que desconhecemos existir. O amor no coração, a lembrança infinita faz-te saber que pra sempre contigo estará! Believe...tens de ter força e seguir. Chegará um dia quem que apenas parecerá que foi fazer uma viagem muito longa..

beijinho,

Dy