Por vezes, sinto-me defraudada. Penso e sinto, vivo e revivo no pensamento coisas minhas e que também são de toda a gente. Crio histórias e gentes, dou-lhes vida e elas são minhas e são tão delas próprias também. Há amores e desenganos, sentimentos que contêm a maior das alegrias e a mais profunda das angústias. E tudo isto vive assim dentro de mim. Sou grandiosa. E a minha cobardia fecha-me a sete chaves. E sou uma inútil porque as palavras que escrevo só têm parte do que sou, há tanta coisa que fica por escrever, por dizer... E são as melhores coisas, as mais belas e perfeitas. E por vezes sinto-me defraudada, porque parece que há quem nos robe o pensar, a arte e a grandiosidade. Há quem escreva palavra a palavra o que a cobardia e a inutilidade não me deixam escrever. A esses que têm esse dom, e em especial ao senhor que conseguiu escrever o que me vai na alma, um grande bem haja!
"Conheço pessoas que morreram. (...)Todos os dias passa tempo que não é testemunhado por elas. Os seus olhares ficaram parados numa data que se afasta cada vez mais. Nós, que conhecemos essa pessoas, que partilhámos um tempo que continha a sua presença, estamos aqui e podemos avaliar o tamanho da sua falta. Assim, da mesma maneira, devíamos ser capazes de perceber toda a dimensão disto: o nosso nome ainda nos pertence, temos planos banais para amanhã." José Luís Peixoto
daqui
1 comentário:
Também cada vez gosto mais da escrita dele :)
Consegue para além de expressar todos os sentimentos que guardamos, como escrever de forma genial sobre o que de mais banal há no quotidiano.
A escrita dele inspira, sem dúvida!
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